"Achava que não podia ser mogoada;
achava que com certeza era imune ao sofrimento-
imune `as dores do espírito ou da agonia.
Meu mundo tinha o calor do sol de abril
Meus pensamentos,salpicados de verde e de ouro.
Minha alma em êxtase, ainda assim
conheceu a dor suave e aguda que só o prazer
pode conter.
Minha alama planava sobre as gaivotas
que, ofegamos, tão alto se lançando,
lá no topo pareciam roçar suas asas
farfalhantes no teto azul do ceú.
Como é frágil o coração humano-
um latejar,um frêmito-
um frágil luzente instrumento de cristal que chora
ou canta.
Então de súbito meu mundo escureceu
E as trevas encobriram minha alegria.
Restou uma ausência trite e doída
Onde as mãos sem cuidado tocaram ou destruíram
minha teia prateada de felicidade.
As mãos estacaram,atônitas.
Mãos que me amavam, choraram ao ver os detroços do
meu firmamento.
Como é frágil o coração humano-
espelhado poço de pensamentos.
Tão profundos e trêmulo instrumento
de vidro, que canta ou chora.
Sylvia Plath
Tradução de Mônica Magnani Monte